Quem é você na fila do self-service?

Lorena Azeredo Germano
2 min readMay 29, 2019

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Ou quem é você pra você?

outro dia, eu estava almoçando com duas amigas e conversando sobre nosso comportamento no self-service.

particularmente, sempre comi mal, mas há algum tempo, passei a cozinhar minha comida e isso me trouxe mais possibilidades, tenho me alimentado bem. mas no self-service, tendo a buscar carboidrato e fritura, raramente me disponho a experimentar coisas novas ou a comer os vegetais que como em casa.

batata ❤, onion rings, arroz, farofa, peixe à dorê, tudo no mesmo prato.

e, durante a conversa, percebi que era um comportamento meio automático, como se uma chave tivesse virado (eu já como bem, posso colocar um brócolis, um purê de abóbora), mas eu ainda insistisse em hábitos antigos.

lembrei de outra conversa, com outra amiga no metrô, há uns 7 anos (caraca!). não lembro como começou o assunto, mas estávamos falando sobre eu comprar/usar roupas maiores do que o meu tamanho. então expliquei:
- quando eu era pequena, minha mãe sempre comprava roupas maiores do que o tamanho, pra elas durarem mais (afinal, fase de crescimento).
então, ela colocou a mão no meu ombro e disse calmamente:
- lô, acho que você não vai crescer mais do que isso.
hahahahah claro que eu não iria! mas por alguma razão, mantive o hábito até depois da adolescência, e só percebi mesmo naquela conversa.

com o tempo passando e a vida mudando dentro da gente e ao nosso redor, às vezes esquecemos de atualizar o jeito como nos enxergamos. doido, né?

é preciso perceber que, assim como roupas, certos padrões, hábitos e formas de pensar já não nos servem mais.

porque o jeito como a gente se vê, ou se acostuma a se ver, vai refletir — de forma consciente ou não — no que a gente faz hoje e no que a gente acredita que pode buscar pro futuro.

Foto: Lorena Germano

o problema dessa onda de olhar viciado é que tira de você coisas que você pode ou merece ter, mas ainda acha que não.

é o perigo de deixar de experimentar algo novo, com o poder de melhorar seu dia.

ou de ir a uma entrevista e passar uma pretensão salarial bem menor do que poderia, porque se habituou a se enxergar na escassez.

ou de adiar demais uma conversa que já pareceu difícil, mas para a qual hoje você está prontx — só não tinha percebido.

são muitas as coisas que você ganha se conectando com quem você é hoje e aprendendo a gostar de cada versão sua, do seu próprio crescimento.

e é tudo construção. eu mesma escrevo ainda do meio do processo, com muitos pontos a resolver, mas sei que esse caminho fica mais interessante trocando.

já pensou em quanta coisa você está prestes a redescobrir sobre você?

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